terça-feira, 10 de março de 2009

INTRODUÇÃO
O século XX, podemos dizer que foi o período de 100 anos mais importante para a história da humanidade. Nele, obtivemos grandes descobertas e conquistas, ao passo que os maiores massacres e tragédias de nossa história aconteceram neste mesmo período.
Foi um século marcado pelas inovações tecnológicas, médicas, sociais, ideológicas e políticas, desenvolvimento econômico e dos meios de comunicação, descobertas científicas, surgimento de novos estilos de música, arte e comportamento.
Vamos mostrar neste trabalho, um pouco do que ocorreu em cada uma das décadas deste período, enfatizando a década de 40, que tem como destaque um importante acontecimento histórico que foi a 2ª Guerra Mundial.


SÉCULO XX

BELLE ÉPOQUE
No início do século xx, uma frenética série de espetaculares avanços tecnológicos causava impacto na sociedade. O motor de combustão interna, o motor elétrico e os rudimentos da telecomunicação permitiram que os fabricantes aspirassem a níveis de eficiência outrora inimagináveis. Artigos anteriormente fabricados à mão agora podiam ser feitos de modo mais rápido e barato pela máquina, solapando o papel do artesanato. A máquina também estava revolucionando o mundo doméstico e, com o advento do rádio, do telefone e da televisão, viria a redefinir complemente o termo comunicação no lar e no trabalho. A linha de montagem acelerou drasticamente a produção de veículos, tornando o carro a motor acessível a um mercado muito mais amplo. Em 1903, os irmãos Wright realizaram um sonho acalentado há milênios: num biplano a gasolina, voaram a distância de 40 metros. Apenas seis anos depois, Lours Blériot voaria 42 quilômetros em seu monoplano, da França até a Inglaterra pelo Canal da Mancha. Em trinta anos, haveria vôos regulares que cruzariam o mundo levando a bordo quem pudesse pagar por eles.

DÉCADA DE 10 – DE 1900 A 1909

O MOVIMENTO DAS ARTES E DOS OFÍCIOS
Embora um produto da época vitoriana, o Movimento das Artes e dos Ofícios deixou um legado que penetrou profundamente no século XX.
A preocupação primordial das suas figuras centrais era o fato dos produtores da «era da máquina» serem movidos mais pela quantidade do que pela qualidade. O designer e teórico mais influente do movimento foi William Morris (1834 -1896). A sua companhia, Morris & Co., produzia uma grande variedade de produtos, tais com mobílias, vitrais, papel de parede, tecidos e cerâmica. Para Morris, a arte e os ofícios tinham estatuto igual e os seus projetos combinavam a habilidade dos artífices com a dos artistas. A obra do Movimento das Artes e dos Ofícios é caracterizada por referências medievais e góticas. Morris pretendia que a mão do homem fosse visível na obra, diferenciando-a assim do feito à máquina. A mobília de construção robusta e simples apresentava as juntas à mostra e, nos trabalhos em metal, a mão do artífice era visível na textura do trabalho feito a martelo. Morris acreditava que um bom design representava uma elevação e que contribuiria para uma sociedade mais feliz - opinião que foi partilhada pelos modernistas na década de 1920.

ARTE NOUVEAU
Em 1900, o movimento dominante da década, a Arte Nova, estava já implementado. Tinha nascido do Movimento das Artes e dos Ofícios e do movimento estético do século XlX, mas os seus seguidores estavam muito mais interessados na utilização de materiais novos e na produção em massa do que os adeptos do movimento das Artes e dos Ofícios. Embora também se servissem do passado, repartiam o entusiasmo com o futuro, o que os distinguia do movimento precedente. O seu nome deriva da loja do negociante de arte Samuel Bing, L' Art Nouveau, que foi inaugurada em Paris, em 1895. Designers notáveis de toda a Europa foram convidados a expôr aí as suas obras, como o belga Henry van de Velde (mobiliário), o americano Louis Comfort Tiffany (artigos de vidro) e os franceses Emille Gallé (artigos de vidro) e René Lalique. Este último foi um dos expoentes máximos da Arte Nova. A sua joalharia requintada, muitas vezes tendo como motivos plantas e insectos, utilizava vidro, pedras semipreciosas e ouro.Embora a arte nova se desenvolvesse de formas idiossincráticas em muitos países (aparentava-se com o Jungenstil, na Alemanha, a Secessão, na Aústria, e o Estilo Liberdade, em Itália), o seu estilo orgânico e fluído é facilmente identificado. A característica dominante é a curvatura que domina tanto a forma como a decoração do objeto. A sua fluidez orgânica foi inspirada na natureza, particularmente na vida das plantas.Encontram-se neste estilo também referências às tradições do passado, como a arte celta e o Rococó. A arte nova pode ser interpretada tanto de forma naturalista como abstracta e os seus princípios podem ser aplicados ao design de qualquer coisa, desde o arquitectura à joalharia. As obras mais importantes foram realizadas na França, Bélgica, Áustria e na Escócia.

SILHUETA EM S
A mulher da moda no início da década de 1900, era encerrada em várias camadas de roupa de baixo: primeiro vinham a chemise e os calções ou combinações, em seguida vinha o espartilho (que definia a forma, ditava a postura e as linhas das roupas exteriores). Houve até um movimento de reforma da moda, que contava com médicos entre seus membros, mas boa parte da corrente principal da moda ignorou o movimento desde seu início, na década de 1850, até seu fim, no início do século XX. A silhueta de curva em S, que caracterizou o início da década de 1900, estava garantida pelo negócio lucrativo que era a produção de espartilhos. Os espartilhos em sua maioria incorporavam suspensórios elásticos ou ligas de meia-calça que seguravam uma variedade de meias combinadas cuidadosamente com cada conjunto. Os pequenos “etecéteras da moda”, como eram chamados os acessórios, eram luvas, peles, leques e sapatos de biqueira amendoada. Um guarda-chuva, sombrinha ou bengala, longos e esguios muitas vezes davam o toque final.

A MÁQUINA
À medida que o século avançava, os designers passaram a se preocupar menos com a estética do artesanato e privilegiar a estética da máquina. Em 1917, um grupo de pintores, arquitetos, designers e filósofos holandeses formaram uma associação denominada
de stijl (o estilo). Afastando-se da forma natural na arquitetura e no design, o de stijl tentava encontrar uma linguagem visual para expressar uma nova estética da máquina, utilizando uma palheta limitada de cores e formas e linhas exclusivamente geométricas. De todas as obras, talvez a cadeira vermelha e azul de Gerrit Rietveld de 1918, seja a que mais se aproxime desse ideal. Construída com peças de madeira de comprimento padronizado e acabamento industrial, ela prescinde de toda ornamentação desnecessária. A influência do de stijl se estendeu por toda a Europa, especialmente na Rússia e a Bauhaus na Alemanha. Na Itália, os futuristas, entre os quais o poeta Filippo Marinetti (1876-1944) e o artista Giacomo Balla (1871-1958), também glorificaram a máquina.

PRODUÇÃO EM MASSA
O industrial Henry Ford fundou a Ford Motor Company em 1903, e durante os anos seguintes desenvolveu um sistema de produção em massa que vira a exercer uma influência permanente sobre o processo de design: a padronização de peças de fácil montagem e, em 1913, a linha de montagem móvel. Quando aplicados ao Ford modelo T, esses princípios foram tão bem sucedidos que na década de 20, de cada dois carros que rodavam pelo mundo afora, um era o modelo t. A produção em massa tornou os bens acessíveis a um mercado mais amplo, mas também deixou os operários das fábricas com um sentimento de alienação. Seu papel na fabricação se reduzia a uma tarefa anônima, repetitiva. Alguns passaram a aceitar o argumento de William Morris de que a única escapatória era uma volta ao artesanato; mas não havia como resistir ao impulso da produção em massa, que acabou crescendo no decorrer do século. No entanto, a qualidade de vida do trabalhador comum começou a melhorar com a introdução de uma multiplicidade de aparelhos que poupavam tempo e trabalho, como máquinas de lavar, secadores de cabelo e ferros de passar roupa.

ELETRICIDADE
A maioria dessas novidades para o lar, na verdade, não economizavam tempo, mas poupava trabalho, tornando as tarefas domésticas menos cansativas. Muitos produtos eram elétricos. Como mercadoria relativamente nova no início do século, a eletricidade ainda não era comum na maioria dos lares. Todavia, a promessa de uma fonte de energia limpa e inodora, que fazia a luz surgir com um leve toque de interruptor, e a atração dos novos inventos, como o aspirador elétrico de pó, tornavam a eletricidade um investimento tão compensador que logo foi acolhido por todo o mundo ocidental.

A BAUHAUS
Em 1919, formou-se uma escola de arte na Alemanha chamada Bauhaus. Sob a direção de Walter Gropius tornou-se numa das mais influentes escolas de arte desteséculo, tendo mantido a sua atividade até 1933. O seu único objetivo era instruir os artistas para o trabalho na indústria e, embora os seus resultados possam ter sido exagerados, é certo que deixou uma marca duradoura no design do século XX. Utilizando materiais modernos provenientes da indústria, decompostos até aos seus elementos básicos e sem qualquer decoração adicional. Os designers Bauhaus tentaram fazer produtos que evitavam referências históricas. As suas aspirações nem sempre foram conseguidas. A famosa cadeira Wassily, de Marcel Breuer, tem muitas características associadas ao estilo Bauhaus - feita em aço tubular com uma forma geométrica despida. A sua construção, porém, continua a ter mais trabalho artesanal do que à máquina. O maior sucesso da Bauhaus foi o seu método de ensino, que foi copiado em todo o mundo. Gropius atraiu pintores altamente respeitados, entre os quais, Wassily Kondinsky (1866-1944), Josef Albers e Paul Klee (1879-1940), para darem o curso da fundação. Arquitetos célebres como Marcel Breuer e Mies Van der Rohe também lá deram aulas.

A MODA
A Europa estava orgulhosa de si em relação a todos os feitos e progressos até então conseguidos. O período que antecedeu à Primeira Guerra Mundial, o da Belle Époque, foi de muita sofisticação, luxo e de extrema alegria de viver. Durante a década de 1910, exatamente de 1914 à 1918, chegou ao solo europeu o conflito que mudou inúmeros aspectos da humanidade: a Primeira Guerra Mundial. Os tempos então passaram a ser outros. A ausência da figura masculina no campo de trabalho, uma vez estando no campo de batalha, fez com que a mulher ocupasse outra posição atuando em diversos setores, fossem de quaisquer classes sociais. As mulheres ocuparam espaços masculinos da área de saúde aos transportes e da agricultura à indústria, inclusive bélica. Foi o começo da emancipação feminina, uma necessidade durante a guerra e, depois dela, um hábito. A moda sofreu algumas mudanças que foram verdadeiros ajustes aos tempos. Nas roupas desse momento predominaram os tons escuros, o preto por excelência, mas foi nas formas propriamente ditas que as mudanças mais se fizeram notar. Não se pode esquecer que, ainda no período da Belle Époque do século XX, o criador francês Paul Poiret (1879-1944), um grande nome da moda com idéias muito inovadoras, já havia tirado do corpo feminino o espartilho, liberando-o dos acentuados apertos de cintura. Esse hábito, ou melhor, essa moda tornou-se de fato assimilada somente durante a Primeira Guerra Mundial. A necessidade de trabalhar fez com que a mulher não pudesse mais se apertar em rígidas formas. Daí virou realmente moda o não uso do espartilho, uma vez que lhe tolhia os movimentos. Outra grande contribuição à moda feminina desta mesma década deu-se a partir de 1915, quando as saias e vestidos se encurtaram até a altura das canelas, também por necessidade de ocupar funções específicas no trabalho, facilitando assim o bom andamento das ações. Como se pode notar, essas duas características, ou seja, a queda do espartilho e o começo do encurtamento das saias, foram as marcas registradas da moda nos anos 1910.A moda masculina permaneceu praticamente a mesma nesse momento, tornando-se cada vez mais simples e prática, tendo até mesmo o aspecto de uniformização, uma vez que todos se vestiam com a mesma característica : calça comprida, paletó, colete e gravata.

DÉCADA DE 20 – 1910 A 1919
Na influente Exposition Internationale des Ats Dcoratifs et Industriels Modernes de 1925, em paris, o arquiteto suíço Le Corbusier projetou um dos pavilhões e o intitulou l’esprit nouveau. Era um modelo de modernismo: paredes brancas lisas, estrutura de concreto e grandes extensões de vidro unificadas por uma geometria inflexível. Seu mobiliário era despretensioso, do tipo que se acha à venda nas lojas, incluindo a poltrona thonet, de madeira curvada. Apesar disso, essa exposição é lembrada menos pelo funcionalismo da contribuição de le corbusier e mais pelo visual do resto da mostra em outros pavilhões. foi daí que se originou o termo Art Déco.

ART DÉCO
Esse estilo decorativo foi inspirado pela arte não-ocidental, especialmente as da África e do Egito, popularizada pela descoberta, em 1922, do túmulo de Tutancâmon por Howard Carter. Os balés russos de Diaghilev (que estrearam em paris em 1909) e os quadros cubistas de Pablo Picasso(1881-1973) e Georges Braque (1882-1963) fascinavam a imaginação dos designers. No entanto, a Art Déco não foi um movimento de design, e sim um compartilhamento de um enfoque estilístico. A interação de formas geométricas, os padrões abstratos de ziguezagues, asnas e refulgências executados em cores brilhantes e o uso do bronze, marfim e ébano eram traços comuns a todos. Criticada por alguns pela opulência, era considerada um desvio das teorias puristas expostas pelos modernistas. Os designers de mobiliário, como Jacques-Emile Ruhlmann (responsável pelo projeto do interior de um dos pavilhões da exposição de 1925 em paris), usavam folheados exóticos e incrustações de marfim num arranjo rico e decorativo. Inspirava-se no design do século XVIII, mas atualizava o visual utilizando geometria e materiais modernos. A art déco não ficou restrita aos ricos. Na verdade, materiais novos, baratos, como a baquelita, eram flexíveis e populares. Na Grã-Bretanha, Wells Coates usou a baquelita com grande sucesso em seus designs de rádios. Na arquitetura, o vidro colorido e o cromo criaram o colorido e visual Art Déco a custos relativamente baixos e foram usados com sucesso em prédios públicos, como os cinemas Odeon. A arquitetura externa dos prédios de cinema, bem como seus interiores suntuosos, desempenhou um papel importante na popularização do estilo Art Déco. Em Nova York, o maior monumento à arquitetura Art Déco é o edifício Chrysler, de William Van Alen. Esse arranha-céu expressa o glamour da Art Déco tanto em sua decoração interna e externa quanto nas formas. Os pináculos semicirculares foram revestidos com metal nircosta para criar superfícies broncas brilhantes que lembrassem platina (o metal preferido da joalheria contemporânea). Muitos designers famosos, que haviam feito nome com produtos no estilo Art Nouveau, agora adaptavam seus designs ao novo visual. René Lalique, por exemplo, deixou suas jóias de aparência tipicamente orgânica e passou a confeccionar peças Art Déco em vidro, inclusive emblemas de carros, vidros de perfume e estatuetas.

A MODA
Os vestidos tinham de ser mais curtos a fim de permitirem maior liberdade de movimentos, para dançar o charleton que se tornou a primeira das muitas febres a varrer os EUA. As mulheres jovens, a que chamavam «flappers» começaram a cortar os cabelos, fazendo cortes curtos e muitas vezes usavam chapéus ou toucas justas à cabeça. A «designer» Coco Chanel criou um visual a condizer com a confiança recém-adquirida pelas mulheres. Adaptando as roupas de homem, ela promoveu uma silhueta arrapazada e de busto liso, frequentemente adornado de joalharia exuberante, mas, acima de tudo, desenhada para dor conforto e estilo e irradiando juventude.

DÉCADA DE 30 – DE 1930 A 1939
A década de 30, foi o período entre os anos de 1930 à 1939. É tida como uma das épocas mais sangrentas de toda a história mundial. Neste período, Hitler ascende ao cargo de chanceler na Alemanha e tem início o genocídio de que ele chamava de “raças inferiores”, em especial os judeus. Tem início a Segunda Guerra Mundial. Nos Estados Unidos, Franklin Roosvelt dá início ao New Deal, o plano de recuperação econômica após a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929.
Os anos 30 descobriram o esporte, a vida ao ar livre e os banhos de sol. Os mais abastados procuravam lugares à beira-mar para passarem o período de férias. Seguindo as exigências das atividades esportivas, os saiotes de praia diminuíram, as cavas aumentaram e os decotes chegaram até a cintura, assim como alguns modelos de vestidos de noite.
A mulher dessa época devia ser magra, bronzeada, o modelo de beleza da atriz Greta Garbo. Seu visual sofisticado, com sobrancelhas e pálpebras marcadas com lápis e pó de arroz bem claro, foi também muito imitado pelas mulheres.
Aliás, o cinema foi o grande referencial de disseminação dos novos costumes. Hollywood, através de suas estrelas, como Audrey Hepburn e Marlene Dietrich, e de estilistas, como Edith Head e Gilbert Adrian, influenciaram milhares de pessoas.
Alguns modelos novos de roupas surgiram com a popularização da prática de esportes como o short, que surgiu a partir do uso da bicicleta. Os movimentos totalitários começaram a eclodir também em outros países europeus, com Mussolini na Itália, Salazar em Portugal, Francisco Franco na Espanha e Stálin na União Soviética.
No Brasil, ocorre a Revolução de 30, movimento que chega ao poder encabeçado pelo político gaúcho Getúlio Vargas. Em 1932, inicia a Revolução Constitucionalista, organizada pelo estado de São Paulo, que exige, entre outros pontos, a constitucionalização de novo regime. O movimento é derrotado, mas força a convocação da Assembléia Constituinte em 1933. Em 1934 seria promulgada a nova Constituição. Chega ao fim a política do café-com-leite e tem início o Estado Novo, em novembro de 1937. Ao longo do restante da década não seriam realizadas eleições no país ( as eleições só voltariam com o fim do Estado Novo, em 1945).
Na Etiópia era coroado o Imperador Rãs Tafari, Rei dos Reis, Senhor dos Senhores e Leão de Judá, que agora adotara o nome de Haile Selassie ( Poder da Trindade), cuja elevação da condição de imperador havia sido profetizada por Marcus Garvey e é até hoje tida como religião ou filosofia de vida. Fora Salassie quem pronunciara as palavras contidas na música War, de Bob Marley. Traduzindo: “ Até que não existam cidadãos de 1ª e 2ª classe de qualquer nação. Até que a cor da pele de um homem seja menos significante que a cor dos seus olhos haverá guerra. Até que todos os direitos básico sejam igualmente garantido a todos, sem discriminação de raça, até que esse sonho de paz duradoura, da cidadania mundial e as regras da moralidade internacional, permanecerão como ilusões fugares para serem perseguidas, mas nunca alcançadas.”
Após uma década de euforia, a alegria dos “anos loucos” chegou ao fim com a crise de 1929. A queda da Bolsa de Nova York provocou uma crise econômica mundial sem precedentes. Milionários ficaram pobres de um dia para o outro, bancos e empresas faliram e milhões de pessoas perderem seus empregos.
Em geral, os períodos de crises não são caracterizados por ousadias na forma de se vestir. Diferentemente dos anos 20, que havia destruído as formas femininas, os anos 30 redescobriram as formas do corpo da mulher através de uma elegância refinada, sem grandes ousadias.
As saias ficaram longas e os cabelos começaram a crescer. Os vestidos eram justos e retos, além de possuírem uma pequena capa ou bolero, também bastante usado na época. Em tempos de crise, materiais mais baratos passaram a ser usados em vestidos de noite, como o algodão e a casimira.
O corte enviesado e os decotes profundos nas costas dos vestidos de noite marcaram os anos 30, que elegeram as costas femininas como novo foco de atenção. Alguns pesquisadores acreditam que foi a evolução dos trajes de banho e grande inspiração para tais roupas decotadas.
Seguindo a linha clássica, tudo o que era simples e harmonioso passou a ser valorizado, sempre de forma natural. Os móveis de Jean-Michel Frank e André Arbus traduziam esse neoclassicismo, o auge do gosto pela vida e sua arte. Além disso, o estilo Art Déco e a aerodinâmica norte-americana dominaram a década de 30.
O surgimento de novos materiais, como a baquelita, uma espécie de plástico maleável, aliada ao novo conceito de modernidade relacionada à aerodinâmica, fez surgir um novo design, aplicado a vários objetos e eletrodomésticos. A baquelita também foi amplamente utilizada para a fabricação de jóias leves, inspiradas em temas do momento.
Raymond Loewy foi um dos designers mais bem sucedidos dos Estados Unidos. Ele foi responsável pela remodelagem de diversos produtos, como a embalagem dos cigarros Lucky Strike e o logotipo da Shell.
Alvar Aalto e Marcel Breuer foram outros importantes nomes do design da década de 30. Eles fizeram experiências com novas formas de madeira processada industrialmente, como a compensada.
Nessa época, o termo prêt-a-porter ainda não era usado, mas os passos para o seu surgimento eram dados pela butique, palavra então muito utilizada que significava “ já pronto”. Nas butiques surgiram os primeiros produtos em série assinados pelas grandes maisons.
No final dos anos 30, com a aproximação da Segunda Guerra Mundial, que estourou na Europa em 1939, as roupas já apresentavam linha militar, assim como algumas peças já se preparavam para dias difíceis, como as saias, que já vinham com abertura lateral para facilitar o uso das bicicletas.
Muitos estilistas fecharam suas maisons ou se mudaram da França para outros países. A guerra viria transformar a forma de se vestir e o comportamento de uma época.

DÉCADA DE 40 – DE 1940 A 1949
A década de 40, período entre 1940 e 1949, foi uma época marcada por conflitos armados que assolaram a década anterior chegaram ao apogeu com o Holocausto, e declínio. No início da década, a 2ª Guerra Mundial já havia começado e perdurou até 1945. Iniciou-se também a Guerra Fria, onde aumentaram as tensões diplomáticas entre os Estados Unidos e a União Soviética.
Nesta
década, foi criado o primeiro computador, o ENIAC, assim como também o primeiro helicóptero e o primeiro transístor. Foram também estabelecidos a ONU, a OTAN, o FMI e o Banco Mundial. Tem início o Plano Marshall, de recuperação econômica da Europa pós-guerra.
No Brasil podemos destacar a instituição do salário mínimo em 1940, em 1942 a instuição do Cruzeiro como unidade monetária brasileira, o anúncio decretado pelo então presidente Getúlio Vargas, no dia 1º de maio, a criação da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) em 1943 e também os destaques das peças de Nelson Rodrigues como “Vestido de Noiva” e “Álbum de Família”.

A GUERRA E A MODA
Em 1940, a Segunda Guerra Mundial já havia começado na Europa. A cidade de Paris, ocupada pelos alemães em junho do mesmo ano, já não contava com todos os grandes nomes da alta-costura e suas maisons. Muitos estilistas se mudaram, fecharam suas casas ou mesmo as levaram para outros países.
A Alemanha ainda tentou destruir a indústria francesa de costura, levando as maisons parisienses para Berlim e Viena, mas não teve êxito. O estilista francês Lucien Lelong, então presidente da câmara sindical, teve um papel importante nesse período ao preparar um relatório defendendo a permanência das maisons no país. Durante a guerra, 92 ateliês continuaram abertos em Paris. Apesar das regras de racionamento, impostas pelo governo, que também limitava a quantidade de tecidos que se podia comprar e utilizar na fabricação das roupas, a moda sobreviveu à guerra.
A silhueta do final dos anos 30, em estilo militar, perdurou até o final dos conflitos. A mulher francesa era magra e as suas roupas e sapatos ficaram mais pesados e sérios. A escassez de tecidos fez com que as mulheres tivessem de reformar suas roupas e utilizar materiais alternativos na época, como a viscose, o raiom e as fibras sintéticas. Mesmo depois da guerra, essas habilidades continuaram sendo muito importantes para a consumidora média que queria estar na moda, mas não tinha recursos para isso.
Na Grã-Bretanha, o “Fashion Group of Great Britain”, comandado por Molyneux, criou 32 peças de vestuário para serem produzidas em massa. A intenção era criar roupas mais atraentes, apesar das restrições. O corte era reto e masculino, ainda em estilo militar. As jaquetas e abrigos tinham ombros acolchoados angulosos e cinturões. Os tecidos eram pesados e resistentes, como o “tweed”, muito usado na época.
As saias eram mais curtas, com pregas finas ou franzidas. As calças compridas se tornaram práticas e os vestidos, que imitavam uma saia com casaco, eram populares. O náilon e a seda estavam em falta, fazendo com que as meias finas desaparecessem do mercado. Elas foram trocadas pelas meias soquetes ou pelas pernas nuas, muitas vezes com uma pintura falsa na parte de trás, imitando as costuras. Os cabelos das mulheres estavam mais longos que os dos anos 30. Com a dificuldade em encontrar cabeleireiros, os grampos eram usados para prendê-los e formar cachos. Os lenços também foram muitos usados nessa época. A maquilagem era improvisada com elementos caseiros. Alguns fabricantes apenas recarregavam as embalagens de batom, já que o metal estava sendo utilizado na indústria bélica.
A simplicidade a que a mulher estava submetida talvez tenha despertado seu interesse pelos
chapéus, que eram muito criativos. Nesse período surgiram muitos modelos e adornos. Alguns eram grandes, com flores e véus; e outros, menores, de feltro, em estilo militar. Durante a guerra, a alta-costura ficou restrita às mulheres dos comandantes alemães, dos embaixadores em exercício e àquelas que de alguma forma podiam frequentar os salões das grandes maisons.
Alguns estilistas abriram novos ateliês em Paris durante a guerra, como
Jacques Fath (1912-1954) - que se tornaria muito popular nos Estados Unidos após a guerra -, Nina Ricci (1883-1970) e Marcel Rochas (1902-1955), um dos primeiros a colocar bolsos em saias. Alix Grès (1903-1993) chegou a ter seu ateliê fechado logo após a inauguração, em 1941, pelos alemães, por ter apresentado vestidos nas cores da bandeira francesa.
Sua marca era a habilidade em drapear o jérsei de seda, com acabamento primoroso.Outro estilista importante foi o inglês Charles James (1906-1978), que, no período de 1940 a 1947, em Nova York, criou seus mais belos modelos. Chegou a antecipar, em alguns, o que viria a ser o “New Look”, de Christian Dior.
Durante a guerra, o chamado “ready-to-wear” (pronto para usar), que é a forma de produzir roupas de qualidade em grande escala, realmente se desenvolveu. Através dos catálogos de venda por correspondência com os últimos modelos, os pedidos podiam ser feitos de qualquer lugar e entregues em 24 horas pelos fabricantes.
Sem dúvida, o isolamento de Paris fez com que os americanos se sentissem mais livres para inventar sua própria moda. Nesse contexto, foram criados os conjuntos, cujas peças podiam ser combinadas entre si, permitindo que as mulheres pudessem misturar as peças e criar novos modelos. A partir daí, um grupo de mulheres lançou os fundamentos do “sportswear’ americano. Com isso, o “ready-to-wear”, depois chamado de “prêt-à-porter” pelos franceses, que até então havia sido uma espécie de estepe para tempos difíceis, se transformou numa forma prática, moderna e elegante de se vestir.
Com a falta de materiais em quase todos os setores e em todos os países envolvidos nos conflitos, novos materiais foram desenvolvidos e utilizados para a produção de objetos e móveis, como os potes flexíveis e duráveis, de polietileno, que ficaram conhecidos como Tupperware. Com a libertação de Paris, em 1944, a alegria invadiu as ruas, assim como os ritmos do jazz e as meias de náilon americanas, trazidas pelos soldados, que levaram de volta para suas mulheres o perfume Chanel nº 5.
Em 1945, foi criada uma exposição de moda, com a intenção de angariar fundos e confirmar a força e o talento da costura parisiense. Como não havia material suficiente para a produção de modelos luxuosos, a solução foi vestir pequenas bonecas, moldadas com fio de ferro e cabeças de gesso, com trajes criados por todos os grandes nomes da alta-costura francesa.
Importantes artistas, como Christian Bérard e Jean Cocteau participaram da produção da exposição, composta por 13 cenários e 237 bonecas, devidamente vestidas, da roupa esporte ao vestido de baile, com todos os acessórios, lingeries, chapéus, peles e sapatos, tudo feito manualmente, idênticos, em acabamento e luxo, aos de tamanho natural.No dia 27 de março de 1945, “Le Théatre de la Mode” (O Teatro da Moda) encantou seus convidados em Paris. Mais de 200 mil franceses visitaram a exposição, que seguiu para vários países, como Espanha, Inglaterra, Áustria e Estados Unidos, sempre com muito sucesso.No pós-guerra, o curso natural da moda seria a simplicidade e a praticidade, características da moda lançada por Chanel anteriormente.
Entretanto, o francês Christian Dior, em sua primeira coleção, apresentada em 1947, surpreendeu a todos com suas saias rodadas e compridas, cintura fina, ombros e seios naturais, luvas e sapatos de saltos altos. O sucesso imediato do seu “New Look”, como a coleção ficou conhecida, indica que as mulheres ansiavam pela volta do luxo e da sofisticação perdidos. Dior estava imortalizado com o seu “New Look” jovem e alegre. Era a visão da mulher extremamente feminina, que iria ser o padrão dos anos 50.

A GUERRA E A MODA – BRASIL
Apogeu de Hollywood e Carmem Miranda, como um dos marcos desse período. Com ela surgiu a primeira fantasia genuinamente brasileira, criada por Alceu Pena: a baiana.(Gontijo). Carmem Miranda fez sucesso no Brasil e nos Estados Unidos, divulgando a cultura latino-americana. Foi a primeira brasileira a lançar modas, inclusive nos EUA – o “Miranda look” que foi adaptado e usado nas ruas. Ainda hoje muitos estilistas buscam nela inspiração.
Durante a Segunda Guerra Mundial, bloquearam-se as importações de bens de consumo, consolidando a indústria têxtil e de confecções no Brasil. Durante a guerra
só se importou de 10% a 20% dos tecidos consumidos no país.
Nesse período foi inaugurada uma era de intervencionismo, através da adoção de uma política de restrição às importações. Vitória da indústria nacional. Lojas como o Mappin (primeira loja de departamentos de São Paulo inicialmente direcionada para a elite), baseadas nas importações viram-se obrigadas a se adaptar aos novos rumos:

”Podia-se sentir, na referência ao rigor com que a loja selecionava os produtos nacionais, alguma desconfiança, ainda, com relação à qualidade dos artigos produzidos no Brasil”.( Alvim, 1985, p. 131)., sobretudo por parte da elite acostumada a desvalorizar o produto interno em prol dos importados.”

Quanto à moda, é nesta década que começa a existir moda brasileira. Ou pelo menos, uma adaptação mais conscienciosa do que era ditado por Paris. Casas de luxo, como a Casa Canadá (que ocupou o lugar de maior destaque na moda brasileira naquele período), devido à dificuldade de importação imposta nessa época, começa a produzir modelos e tecidos exclusivos para a elite econômica, totalmente copiados dos
modelos europeus.

MÚSICA – BRASIL
O impacto da II Guerra Mundial causa uma sensível diminuição no espaço destinado à música nas emissoras de rádio, e o gênero popular se ressente em qualidade e quantidade. Com o fim da guerra, em 1945, o cinema, a TV e a música norte-americana invadem o mundo e também o Brasil. No ano seguinte é lançado Baião, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, que marca o aparecimento de um estilo com sólidas raízes no folclore rural nordestino. A partir daí, uma série de canções, como Asa Branca, Paraíba e Assum Preto, consolida o sucesso de Luiz Gonzaga. Suas músicas agradam à população que foi para as cidades, geralmente fugindo do flagelo da seca. É uma abertura para um rico universo rítmico, que ainda é utilizado por músicos contemporâneos.

CURIOSIDADES
1940
- Paris é ocupada pelos alemães no dia 14 de junho;- No dia 10 de julho, o marechal Pétain assume o novo governo fascista e autoritário da França na cidade de Vichy;- Em 27 de setembro, a Alemanha e a Itália aliam-se ao Japão, mudando os rumos da guerra na Europa;
- Carmem Miranda retorna aos Estados Unidos, em 3 de outubro, para iniciar uma carreira de 15 anos de sucesso, com 13 filmes, mais de 30 discos e incontáveis aparições em teatros, programas de rádio e televisão;
- Franklin Roosevelt é reeleito, em 5 de novembro, presidente dos Estados Unidos, pela terceira vez consecutiva;- Nesse ano, estréia o último filme de Charles Chaplin, "O Grande Ditador", que faz uma crítica ao fascismo.
1941
- Em 19 de abril, estréia em Nova York a peça "Mãe Coragem e Seus Filhos", de Bertold Brecht;- O Brasil institui a Justiça do Trabalho no dia 1º de maio;- No mês de maio, estréia o filme "Cidadão Kane", criado e estrelado por Orson Welles;- No dia 30 de junho, a Alemanha invade a URSS;- Estréia, no dia 24 de julho, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, a revista musical "Joujoux e Balangandans", de Luís Peixoto, com música de Ari Barroso e Lamartine Babo; - Os Estados Unidos entram em guerra contra o Eixo fascista, após cerca de 360 caças japoneses terem destruído a base militar norte-americana de Pearl Harbor, deixando milhares de mortos e feridos, no dia 7 de dezembro.
1942- O Brasil declara guerra aos países do Eixo - Alemanha, Itália e Japão -, no dia 22 de agosto;- Em 21 de setembro, a Comissão de Informações Inter-Aliados informa que os nazistas já executaram 207.373 pessoas na Europa ocupada;-Nesse ano a Coca-Cola chega ao Brasil, junto com uma avalanche de produtos americanos e notícias de Hollywood;
1943
-Nessa época, o artista Joseph Cornell, inspirado em Max Ernst, cria um surrealismo único aos reunir objetos cotidianos em caixas;- Estréia o filme "Casablanca", clássico do cinema, com Humphrey Bogart e Ingrid Bergman;- Em 6 de dezembro, os dirigentes das três maiores potências aliadas anunciam que chegaram a um acordo sobre a estratégia militar conjunta para derrotar a Alemanha;- Estréia, em 29 de dezembro, a peça "Vestido de Noiva", de Nelson Rodrigues, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro;- O filósofo existencialista francês Jean-Paul Sartre publica "O Ser e o Nada".
1944
-I naugurado, em 12 de fevereiro, o Cassino Quitandinha, em Petrópolis (RJ), com um grande show para duas mil pessoas. No Brasil, era o tempo dos cassinos, dos shows e das vedetes;- O cantor Yves Montand estréia em Paris, no dia 3 de março;- Em 9 de abril, o general Charles de Gaulle é nomeado comandante-chefe das forças da França livre;-Estréia em Paris, em 27 de maio, a peça "Entre Quatro Paredes", do filósofo Jean-Paul Sartre;-No dia 6 de junho, começa ao amanhecer, a esperada invasão da Europa pelos aliados, conhecida como Dia D;- A cidade de Paris é libertada pelos franceses, no dia 25 de agosto;- É eleito, pela quarta vez consecutiva, Franklin Roosevelt, como presidente dos Estados Unidos;
1945
- No dia 27 de janeiro, soldados soviéticos entram no campo de concentração de Auschwitz, cidade industrial da Polônia, e libertam os cinco mil prisioneiros, a maioria judeus;- Em 27 de março, 237 bonecas, devidamente vestidas pelos maiores nomes da moda parisiense, são apresentadas no Museu de Artes Decorativas, em Paris. O espetáculo reafirmava a existência da beleza da alta-costura francesa;- Morre, no dia 12 de abril, o presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt. O vice Harry Truman assume a presidência;- Adolf Hitler, o dirigente máximo da Alemanha, suicida-se com um tiro, no dia 30 de abril;- No dia 7 de maio, a Alemanha rende-se incondicionalmente;- Em 26 de junho, representantes de 50 países assinam a Carta das Nações Unidas, formalizando a criação de um órgão internacional para garantir a paz mundial e incentivar a cooperação entre os países-membros;- Em agosto, aviões norte-americanos lançam duas bombas atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, que ficaram arrasadas;- No dia 2 de setembro, a guerra do pacífico termina oficialmente com a rendição incondicional do Japão;- O presidente do Brasil, Getúlio Vargas, é deposto por tropas do Exército, em 30 de outubro e, em dezembro, o general Eurico Gaspar Dutra assume seu lugar;- Rosselini filma "Roma, Cidade Aberta" e dá início ao neo-realismo italiano.
1946
- No dia 14 de fevereiro, a IBM lança uma avançada máquina de calcular, chamada de Eniac (Computador e Integrador Numérico Eletrônico);- É promulgada, em 10 de setembro, a nova Constituição brasileira, substituindo a autoritária Carta de 1937, imposta por Getúlio Vargas para instituir o regime do Estado Novo;- Em setembro, acontece, na Riviera Francesa, o primeiro Festival de Cinema de Cannes;- No dia 2 de outubro, cientistas reunidos num simpósio na Universidade de Buffalo, nos EUA, alertam para a possibilidade de o cigarro provocar câncer de pulmão;- Em 19 de outubro, as saias longas voltam aos Estados Unidos depois da revogação da proibição do uso excessivo de tecidos, imposta pelo governo durante da guerra;- No Brasil, as publicações literárias de maior destaque do período são "Seara Vermelha", sétimo livro de Jorge Amado, e "O Lustre", segundo romance de Clarice Lispector;- É declarada, oficialmente pelo presidente Truman, dos EUA, o fim da Segunda Guerra Mundial, em 31 de dezembro.
1947- Em 12 de fevereiro, Christian Dior apresenta, em sua primeira coleção, o que viria a ser chamado de "New Look". Cintura e seios marcados e uma ampla saia rodada, um estilo que viria se tornar o uniforme dos anos 50;- Em 5 de junho, o secretário de Estado dos Estados Unidos, George Marshal, anuncia um ambicioso plano para a recuperação econômica da Europa;- O Masp (Museu de Arte Moderna de São Paulo) é inaugurado, em 12 de outubro, na sede dos "Diários Associados", no centro de São Paulo;- No dia 14 de outubro, Chuck Yeager torna-se o primeiro homem a ultrapassar a velocidade do som, com o avião a jato Bell X-1;- Estréia em Nova York, no dia 4 de dezembro, a peça "Um Bonde Chamado Desejo", de Tennessee Williams, com Marlon Brando.
1948
- Em 30 de janeiro, Gandhi, líder espiritual da independência da Índia, é assassinado por um extremista hindu;- É criado, em 14 de maio, o Estado de Israel;- Em 10 de dezembro, a ONU (Organização das Nações Unidas) aprova a Declaração dos Direitos Humanos, documento que define as liberdades fundamentais;- Nesse ano, T.S. Eliot, autor de "A Terra Desolada", de 1922, entre outras obras de poesias, teatro e ensaios, recebe o Nobel de literatura;- Em dezembro, o biólogo e zoólogo Alfred Kinsey, choca a sociedade norte-americana ao publicar "O Comportamento Sexual do Homem", ou "Relatório Kinsey";- Nina Ricci lança o seu "L'Air du Temps", perfume que viria se tornar um clássico.
1949- Em 10 de janeiro, a norte-americana RCA-Victor divulga seu novo sistema de discos, vitrolas e vitrolas automáticas, um dia depois de a Columbia Records publicar detalhes sobre o novo disco de sete polegadas com microssulcos;- Em 18 de março, os Estados Unidos e os países da Europa Ocidental revelam seus planos de formar uma aliança de defesa contra a URSS - a Otan (Organização doo Atlântico Norte);- O primeiro avião a jato de linha comercial, o Havilland Comet, faz o seu vôo inaugural na Inglaterra, em 27 de julho;- A RCA anuncia, em 25 de agosto, a invenção do sistema de transmissão de televisão colorida;- Em 1º de outubro, multidões comemoram a proclamação da República Popular da China pelo líder comunista Mao Tse-Tung;- Em 3 de novembro, o jazz do trompetista Louis Armstrong e sua banda encantam o público francês;- Em dezembro, a cantora paulista Marlene vence o concurso para a escolha da rainha do rádio do Brasil.

DÉCADA DE 50 – DE 1950 A 1959
A década de 1950, ou anos 50 foi o período de tempo entre os anos 1950 e 1959. É considerada uma época de transição entre o período de guerras da primeira metade do século XX e o período das revoluções comportamentais e tecnológicas da segunda metade.
Nesta época têm início à chegada da televisão em Portugal e no Brasil. Esta época também foi considerada a "idade de ouro" do cinema e também foi a época de importantes descobertas científicas como o ADN (Ácido Desoxirribonucleico, ou DNA). O campeão da Copa do Mundo em 1950 foi, pela segunda vez, o Uruguai. Em 1954 a Alemanha Ocidental conquista o Mundo pela primeira vez. Em 58, a Seleção Brasileira de Futebol fatura também o seu primeiro título mundial.
Com o fim dos anos de guerra e do racionamento de tecidos, a mulher dos anos 50 se tornou mais feminina e glamourosa, de acordo com a moda lançada pelo "New Look", de Christian Dior, em 1947. Metros e metros de tecido eram gastos para confeccionar um vestido, bem amplo e na altura dos tornozelos. A cintura era bem marcada e os sapatos eram de saltos altos, além das luvas e outros acessórios luxuosos, como peles e jóias.
Essa silhueta extremamente feminina e jovial atravessou toda a década de 50 e se manteve como base para a maioria das criações desse período. Apesar de tudo indicar que a moda seguiria o caminho da simplicidade e praticidade, acompanhando todas as mudanças provocadas pela guerra, nunca uma tendência foi tão rapidamente aceita pelas mulheres como o "New Look" Dior, o que indica que a mulher ansiava pela volta da feminilidade, do luxo e da sofisticação.
E foi o mesmo Christian Dior quem liderou, até a sua morte em 1957, a agitação de novas tendências que foram surgindo quase a cada estação.
Com o fim da escassez dos cosméticos do pós-guerra, a beleza se tornaria um tema de grande importância. O clima era de sofisticação e era tempo de cuidar da aparência.
A maquiagem estava na moda e valorizava o olhar, o que levou a uma infinidade de lançamentos de produtos para os olhos, um verdadeiro arsenal composto por sombras, rímel, lápis para os olhos e sobrancelhas, além do indispensável delineador. A maquiagem realçava a intensidade dos lábios e a palidez da pele, que devia ser perfeita..
Dois estilos de beleza feminina marcaram os anos 50, o das ingênuas chiques, encarnado por Grace Kelly e Audrey Hepburn, que se caracterizavam pela naturalidade e jovialidade e o estilo sensual e fatal, como o das atrizes Rita Hayworth e Ava Gardner, como também o das pin-ups americanas, loiras e com seios fartos.
Entretanto, os dois grandes símbolos de beleza da década de 50 foram Marilyn Monroe e Brigitte Bardot, que eram uma mistura dos dois estilos, a devastadora combinação de ingenuidade e sensualidade.
Durante os anos 50, a alta-costura viveu o seu apogeu. Nomes importantes da criação de moda, como o espanhol Cristobal Balenciaga - considerado o grande mestre da alta-costura -, Hubert de Givenchy, Pierre Balmain, Chanel, Madame Grès, Nina Ricci e o próprio Christian Dior, transformaram essa época na mais glamourosa e sofisticada de todas.
A partir de 1950, uma forma de difusão da alta-costura parisiense tornou-se possível com a criação de um grupo chamado "Costureiros Associados", do qual faziam parte famosas maisons, como a de Jacques Fath, Jeanne Paquin, Robert Piguet e Jean Dessès. Esse grupo havia se unido a sete profissionais da moda de confecção para editar, cada um, sete modelos a cada estação, para que fossem distribuídos para algumas lojas selecionadas.
O grande destaque na criação de sapatos foi o francês Roger Vivier. Ele criou o salto-agulha, em 1954 e, em 1959 o salto-choque, encurvado para dentro, além do bico chato e quadrado, entre muitos outros.
Em 1954, Chanel reabriu sua maison em Paris, que esteve fechada durante a guerra.
Ao lado do sucesso da alta-costura parisiense, os Estados Unidos estavam avançando na direção do ready-to-wear e da confecção. A indústria norte-americana desse setor estava cada vez mais forte, com as técnicas de produção em massa cada vez mais bem desenvolvidas e especializadas.
Na Inglaterra, empresas como Jaeger, Susan Small e Dereta produziam roupas prêt-à-porter sofisticadas. Na Itália, Emilio Pucci produzia peças separadas em cores fortes e estampadas que faziam sucesso tanto na Europa como nos EUA.
Na França, Jacques Fath foi um dos primeiros a se voltar ao prêt-à-porter, ainda em 1948, mas era inevitável que os outros estilistas começassem a acompanhar essa nova tendência a medida que a alta-costura começava a perder terreno, já no final dos anos 50.
Nessa época, pela primeira vez, as pessoas comuns puderam ter acesso às criações da moda sintonizada com as tendências do momento.
Em 1955, as revistas Elle e Vogue dedicaram várias páginas de sua publicação às coleções de prêt-à-porter, o que sinalizava que algo estava se transformando no mundo da moda.
Uma preocupação dos estilistas era a diversificação dos produtos, através do sistema de licenças, que estava revolucionando a estratégia econômica das marcas. Assim, alguns itens se tornaram símbolos do que havia de mais chique, como o lenço de seda Hermès, que Audrey Hepburn usava, o perfume Chanel Nº 5, preferido de Marilyn Monroe e o batom Coronation Pink, lançado por Helena Rubinstein para a coroação da rainha da Inglaterra.
Dentro do grande número de perfumes lançados nos anos 50, muitos constituem ainda hoje os principais produtos em que se apóiam algumas maisons, cuja sobrevivência muitas vezes é assegurada por eles.
A Guerra Fria, travada entre os Estados Unidos e a então União Soviética ficou marcada, durante os anos 50, pelo início da corrida espacial, uma verdadeira competição entre os dois países pela liderança na exploração do espaço.
A ficção científica e todos os temas espaciais passaram a ser associados a modernidade e foram muito usados. Até os carros americanos ganharam um visual inspirado em foguetes. Eles eram grandes, baixos e compridos, além de luxuosos e confortáveis.
Os Estados Unidos estavam vivendo um momento de prosperidade e confiança, já que haviam se transformado em fiadores econômicos e políticos do mundo ocidental após a vitória dos aliados na guerra. Isso fez surgir, durante esse período, uma juventude abastada e consumista, que vivia com o conforto que a modernidade lhes oferecia.
Melhores condições de habitação, desenvolvimento das comunicações, a busca pelo novo, pelo conforto e consumo são algumas das características dessa época.
A televisão se popularizou e permitia que as pessoas assistissem aos acontecimentos que cercavam os ricos e famosos, que viviam de luxo, prazer e elegância, como o casamento da atriz Grace Kelly com o príncipe Rainier de Mônaco.
A tradição e os valores conservadores estavam de volta. As pessoas casavam cedo e tinham filhos. Nesse contexto, a mulher dos anos 50, além de bela e bem cuidada, devia ser boa dona-de-casa, esposa e mãe. Vários aparelhos eletrodomésticos foram criados para ajudá-la nessa tarefa difícil, como o aspirador de pó e a máquina de lavar roupas.
Em contraposição ao estilo norte-americano de obsolescência planejada, ao criarem produtos pouco duráveis, na Europa ressurgiu, especialmente na Alemanha, o estilo modernista da Bauhaus, com o objetivo de fabricar bens duráveis, com um design voltado a funcionalidade e ao futuro, refletindo a vida moderna. Vários equipamentos, como rádios, televisores e máquinas, foram criados seguindo a fórmula de linhas simples, durabilidade e equilíbrio.
Ao som do rock and roll, a nova música que surgia nos 50, a juventude norte-americana buscava sua própria moda. Assim, apareceu a moda colegial, que teve origem no sportswear. As moças agora usavam, além das saias rodadas, calças cigarrete até os tornozelos, sapatos baixos, suéter e jeans.
O cinema lançou a moda do garoto rebelde, simbolizada por James Dean, no filme "Juventude Transviada" (1955), que usava blusão de couro e jeans.
Ao final dos anos 50, a confecção se apresentava como a grande oportunidade de democratização da moda, que começou a fazer parte da vida cotidiana. Nesse cenário, começava a ser formar um mercado com um grande potencial, o da moda jovem, que se tornaria o grande filão dos anos 60.

DÉCADA DE 60 – DE 1960 A 1969
Os anos 50 chegaram ao fim com uma geração de jovens, filhos do chamado "baby boom", que vivia no auge da prosperidade financeira, em um clima de euforia consumista gerada nos anos do pós-guerra nos EUA. A nova década que começava já prometia grandes mudanças no comportamento, iniciada com o sucesso do rock and roll e o rebolado frenético de Elvis Presley, seu maior símbolo. A imagem do jovem de blusão de couro, topete e jeans, em motos ou lambretas, mostrava uma rebeldia ingênua sintonizada com ídolos do cinema como James Dean e Marlon Brando. As moças bem comportadas já começavam a abandonar as saias rodadas de Dior e atacavam de calças cigarette, num prenúncio de liberdade. Os anos 60, acima de tudo, viveram uma explosão de juventude em todos os aspectos.
O movimento, que nos 50 vivia recluso em bares nos EUA, passou a caminhar pelas ruas nos anos 60 e influenciaria novas mudanças de comportamento jovem, como a contracultura e o pacifismo do final da década. Nesse cenário, a transformação da moda iria ser radical. Era o fim da moda única, que passou a ter várias propostas e a forma de se vestir se tornava cada vez mais ligada ao comportamento.
Conscientes desse novo mercado consumidor e de sua voracidade, as empresas criaram produtos específicos para os jovens, que, pela primeira vez, tiveram sua própria moda, não mais derivada dos mais velhos. Aliás, a moda era não seguir a moda, o que representava claramente um sinal de liberdade, o grande desejo da juventude da época. Algumas personalidades de características diferentes, como as atrizes Jean Seberg, Natalie Wood, Audrey Hepburn, Anouk Aimée, modelos como Twiggy, Jean Shrimpton, Veruschka ou cantoras como Joan Baez, Marianne Faithfull e Françoise hardy acentuavam ainda mais os efeitos de uma nova atitude.
Na moda, a grande vedete dos anos 60 foi, sem dúvida, a minissaia. A inglesa Mary Quant divide com o francês André Courrèges sua criação. Entretanto, nas palavras da própria Mary Quant: "A idéia da minissaia não é minha, nem de Courrèges. Foi a rua que a inventou". Não há dúvidas de que passou a existir, a partir de meados da década, uma grande influência da moda das ruas nos trabalhos dos estilistas.
Os avanços na medicina, as viagens espaciais, o Concorde que viaja em velocidade superior à do som, são exemplos de uma era de grande desenvolvimento tecnológico que transmitia uma imagem de modernidade. Essa imagem influenciou não só a moda, mas também o design e a arte que passaria a ter um aspecto mais popular e fugaz.
Nesse contexto, nenhum movimento artístico causou maior impacto do que a Arte Pop. Artistas como Andy Warhol, Roy Lichetenstein e Robert Indiana usaram irreverência e ironia em seus trabalhos. Warhol usava imagens repetidas de símbolos populares da cultura norte-americana em seus quadros, como as latas de sopa Campbell, Elvis Presley e Marilyn Monroe. A Op Art [abreviatura de optical art, corrente de arte abstrata que explora fenômenos ópticos] também fez parte dessa época e estava presente em estampas de tecidos. No ritmo de todas as mudanças dos anos 60, o cinema europeu ganhava força com a nouvelle vague do cinema francês ["Acossado", de Jean-Luc Godard, se tornaria um clássico do movimento], ao lado do neo-realismo do cinema italiano, que influenciaram o surgimento, no início da década, do cinema novo que teve Glauber Rocha como um dos seus iniciadores] no Brasil, ao contestar as caras produções da época e destacar a importância do autor, ao contrário dos estúdios de Hollywood.
No final dos anos 60, de Londres, o reduto jovem mundial se transferiu para São Francisco (EUA), região portuária que recebia pessoas de todas as partes do mundo e também por isso, berço do movimento hippie, que pregava a paz e o amor, através do poder da flor [flower power], do negro [black power], do gay [gay power] e da liberação da mulher [women's lib]. Manifestações e palavras de ordem mobilizaram jovens em diversas partes do mundo. A esse conjunto de manifestações que surgiram em diversos países deu-se o nome de contracultura. Uma busca por um outro tipo de vida, underground, à margem do sistema oficial. Faziam parte desse novo comportamento, cabelos longos, roupas coloridas, misticismo oriental, música e drogas.
No Brasil, lutava-se contra a ditadura militar, contra a reforma educacional, o que iria mais tarde resultar no fechamento do Congresso e na decretação do Ato Institucional nº. 5. Talvez o que mais tenha caracterizado a juventude dos anos 60 tenha sido o desejo de se rebelar, a busca por liberdade de expressão e liberdade sexual. Nesse sentido, para as mulheres, o surgimento da pílula anticoncepcional, no início da década, foi responsável por um comportamento sexual feminino mais liberal. Porém, elas também queriam igualdade de direitos, de salários, de decisão. Até o sutiã foi queimado em praça pública.

DÉCADA DE 70 – DE 1970 A 1979
Quem presenciou a década de 70 e o final dos anos 60, pode ver ou até mesmo participar de algumas transformações sociais, tais como: o movimento “anti moda hippie”, a discoteca, a revolução sexual feminina, a era punk, o surgimento da androginia, e especialmente uma grande transformação na moda.
Ate então, a moda era denominada de alta costura, onde as maisons e a figura dos costureiros eram responsáveis pelas “tendências”. Entretanto, nesse período surgiu um novo conceito - o prêt-a-porter parisiense (pronto para vestir), comandado pelo criador de moda e sua grife, palavra francesa que significa marca comercial. A partir dai as tendências não são mais exclusivamente ditadas por costureiros, a alta costura começa a sofrer influencia da moda de rua, processo que aliado a mudanças sociais desencadeia uma das mais profundas transformações culturais - o surgimento do conceito de Moda Jovem, que se mantém predominante ate hoje.
Os movimentos musicais também tiveram um papel fundamental para as transformações sociais desse período. Por aqui, tivemos ainda as novelas (Dancing Day’s, As Locomotivas, Malu Mulher, etc), que sem duvida inspirou a população feminina e feminista no processo de mudanças comportamentais.
Nos anos 70, após uma guerra sangrenta na década anterior (Vietnã), a juventude tentava se livrar de uma serie de conceitos e idéias socio-culturais e sobretudo políticas. Como não havia muitas armas para essa batalha, começaram por “florear”o mundo com suas roupas “hippies”; vestidos floridos, calças jeans bordadas com flores de diversos tamanhos, calcas boca- de- sino, estampas indianas e de qualquer outra etnia, patchwork; enfim, buscavam praticidade na maneira de vestir. E ainda tinham o lema “Paz e Amor”, enquanto se drogavam e rejeitavam todo e qualquer tabu sexual.
As mulheres dos anos 70 buscavam igualdade com o sexo oposto. Queriam trabalhar fora, usar calcas compridas, fumar - era o famoso “direitos iguais”. Hoje a situação se inverte - os homens lutam para ter os direitos iguais aos da mulher, ou seja, direito a uma pensão alimentícia (acho que já tem), a guarda dos filhos, a ter nos supermercados e drogarias cremes e outros produtos específicos para seu tipo de pele e cabelo. Lutam ate mesmo pelo direito de usar algumas pecas e acessórias do nosso guarda-roupa (maxi-bolsa, leggings, meia-calca e até peças íntimas com enchimento!), tudo isso sem que a sua masculinidade seja questionada. Longe de mim criticar ou julgar qualquer momento da historia, muito menos fazer apologia as drogas ou a rebeldia, também não sou “feminista roxa”. Criticar a moda? Nem pensar, adoro a moda e todos os seus conceitos.
MODA HIPPIE- Jeans e calças militares usadas com enormes bocas de sino, tachinhas, bordados e muitos brilhos- Camurças com franjas;- Estilo apache;- Estilo safári; - Colares de contas miçangas, bijuterias étnicas;- Saias e calças de cintura baixa com cintos largos ou de penduricalhos;- Estampas florais, Pucci e psicodélicos em quantidade;- Roupas artesanais, materiais naturais e tinturas caseiras;
Cores predominantes:- Coloridos, tons naturais, metalizados, violetas e bordô, ferrugem e alaranjados.

DÉCADA DE 80 – DE 1980 A 1989
A década de 80, foi um período muito importante e marcante no século XX, foi a época de transição da idade industrial e início da idade da informação.
Podemos destacar alguns fatos importantes que se destacaram nesta década: Desenvolvido o
IBM PC e o Apple Macintosh, desenvolvimento do CD, lançamento da estação espacial MIR, da União Soviética, popularização dos computadores pessoais, walkmans e videocassetes, início do software livre e também a morte de John Lenon.
No Brasil, o
atentado do Riocentro (1981) e a morte de Tancredo Neves (1985), ensejaram mudanças radicais nos rumos políticos do país. Os anos oitenta foram marcados por uma intensa participação popular. Era a retomada das grandes manifestações de massa. Multidões ganharam as ruas após muitos anos de silencio, anos de repressão aos movimentos sociais, advindos da ditadura militar. No início da década pipocaram muitas greves pelo país a fora. Porém a que marcou o cenário e influenciou outras pelo Brasil afora seria a greve dos trabalhadores do A B C paulista, mais precisamente em S.Bernardo do Campo, trabalhadores das montadoras de automóveis daquela região. Fizeram escola e muita história. Outro movimento de muita expressividade foi o chamado Diretas Já, que tomou conta do Brasil. Em todas capitais multidões foram às ruas pedir eleições diretas para presidente da República. Muitos comícios com a participação de políticos de renome, artistas e sobretudo o povo. Anos oitenta também foram de muita musicalidade, principalmente das bandas de rock. Na política houve um grande acontecimento encerrando a década, a primeira eleição direta para presidente da república após de mais de 20 anos. Esta foi uma década onde a nação brasileira viu renascer a democracia no solo brasileiro pelas mãos de seus filhos.
No mundo, o atentado contra o
Papa João Paulo II e eleição de Ronald Reagan nos Estados Unidos da América e de Margaret Thatcher no Reino Unido marcariam toda a década de 80 e traçaram a política neoliberal que hoje é apanágio da maioria dos países capitalistas .
Os
Países Baixos liberaram a venda e consumo da maconha em estabelecimentos específicos, os “coffee shops”. O uso recreativo do ecstasy ganhou as ruas. Um ano depois, a droga foi proibida nos EUA e inserida na categoria dos psicotrópicos mais perigosos. Nos anos 80, o preço de um quilo de cocaína cai de 55 mil (1981) para 25 mil dólares (1984), o que contribui para sua disseminação.
Na moda, Os anos 80 serão eternamente lembrados como uma década onde o exagero e a ostentação foram marcas registradas. Os seriados de televisão, como Dallas, mostravam mulheres glamourosas, cobertas com jóias e por todo o luxo que o dinheiro podia pagar. Os yuppies, executivos jovens sedentos por poder e status, também eram outro movimento.A moda apressou-se por responder a esses desejos, criando um estilo nada simplório. Num afã em ostentar, todas as roupas de marcas conhecidas tinham seus logos estampados no maior tamanho possível, com preços proporcionais. O jeans alcança seu ápice, ganhando status. E os shoppings tornaran-se paraíso dos consumistas.Mas, não bastava ser bem-sucedido e bem-vestido. Nessa década, ter um corpo bonito e saudável era essencial para o sucesso.
Assim, numa continuidade pelo amor aos esportes inaugurado na década anterior, explodiram academias por todos os cantos, onde os freqüentadores iam com suas polainas e collants para as aulas de aeróbica, movidas por músicas dançantes e ritmadas, com temática comum: ginástica, poder, sucesso.Influenciando as roupas, o espírito esportivo levou o moletom e a calça fuseaux para fora das academias e consagrou o tênis como calçado para toda hora. Este último também fez ressurgir a moda de calçados baixos, como os mocassins, tanto multicoloridos como clássico.
A modelagem era ampla. As mulheres, que nesse momento ingressaram maciçamente no mercado de trabalho à procura por cargos de chefia, adotaram o visual masculino. Cintura alta e ombros marcados por ombreiras era a silhueta de toda a década, ao lado de pregas e drapeados para a noite ou dia. A moda masculina seguiu o mesmo estilo, com ternos folgados e calças largas. Para os acessórios, tamanho era sinônimo de atualidade.
A música se consagrou como formadora de opinião e estilo, levando ao estrelato cantoras como Madonna, que influenciou a sociedade com seu estilo livre e despudorado. O Punk, New Age e Break também merecem destaque. Em um universo tecnológico (o Atari surgiu nessa época), a moda também inspirou-se no Japão, emergente com suas novidades, e em tudo o que fosse eletrônico.

DÉCADA DE 90 – DE 1990 A 1999
A década de 90 começou com o colapso da
União Soviética e o fim da Guerra Fria, sendo esses seguidos pelo advento da democracia, globalização e capitalismo global. Fatos marcantes para a década foram a Guerra do Golfo e a popularização do computador pessoal e da internet.
Muitos países, instituições, companhias e organizações consideraram os 90 como "tempos prósperos". Muitos países ocidentais tiveram estabilidade política e diminuiram a militarização devido ao fim da Guerra Fria, levando ao crescimento econômico e melhores condições de vida para as classes altas. Isso também teve a colaboração dos baixos preços de
petróleo, devido a um excesso de óleo no mercado. Países da ex-URSS tiveram sua capitalização financiada pela descoberta de petróleo e gás natural.
A adoção geral do computador pessoal e da internet aumentou a produtividade econômica (mas muitas críticas foram feitas quanto á má distribuição de renda, que apenas aumentou o abismo social).
Apesar da prosperidade e democracia, houve um "lado negro" significativo. Na
África, o aumento nos casos de AIDS e inúmeras guerras levaram á diminuição da expectativa de vida e nada de crescimento econômico. Em ex-nações soviéticas, havia fuga de capital e o PIB decrescente. Crises financeiras nos países em desenvolvimento foram comuns depois de 1994, apoiados pela globalização. E eventos trágicos como as guerras nos balcãs, genocídio de Ruanda, a Batalha de Mogadíscio e a primeira Guerra do Golfo, assim como o crescimento do terrorismo, levou á idealização do choque de civilizações. Mas esses fatos foram apenas relembrados com relevância na década de 2000.
A cultura
jovem foi caracterizada por ambientalismo, antiglobalização capitalista, empreendedorismo e vulgaridade artística. Modas eram individualistas, as mais notáveis tatuagens e piercings.
Os anos 90 trouxeram o desenvolvimento tecnólogico mais rápido da história, tornando popular e aperfeiçoando tecnologias inventadas na
década de 80.
Na moda, a metade da década de 90, o exagero dos anos anteriores ainda influenciou a moda. Foram lançados, por exemplo, os jeans coloridos e as blusas segunda-pele, que colocaram a lingerie em evidência. Isso alavancou a moda íntima, que criou peças para serem usadas à mostra, como novos materiais e cores.Essa é uma década marcada pela diversidade de estilos que convivem harmoniosamente. A moda seguiu cada uma dessas tendências, produzindo peças para cada tipo de consumidor e para todas as ocasiões. Entretanto, vale a pena ressaltar o Grunge, que impulsionado pelo rock, influenciou a moda e o comportamento dos adolescentes com seu estilo despojado de calças/ bermudões largos e camisas xadrez da região de Seattle, berço destes músicos. A camisa xadrez, aliás, foi uma verdadeira coqueluche presente mesmo nos armários dos rapazes mais tradicionais, os mauricinhos.
Nesse século que viu passar guerras, modismos, ápices, quedas e crises, surgiu uma consciência de se resguardar para o futuro. A preocupação ecológica ganhou status e fez com que países e populações conscientes (como aconteceu na Alemanha) exigissem mudanças por parte dos governos e fabricantes de bens de consumo. É bem lembrada a atitude do Príncipe Charles que proibiu sua então mulher, Diana, de usar laquês para cabelo que contivessem CFC.
As propagandas passaram a agregar esses valores a seus produtos, de forma a atingir os consumidores que buscavam muito mais do que preços e novidades.
Na segunda metade da década, a moda passou a buscar referências nas décadas anteriores, fazendo releituras dos anos 60 (cores claras, tiaras) e em seguida dos 70 (plataformas em tamancos e modelos fechados, geralmente desproporcionais), tudo mesclado à modismos dos anos correntes.

CONCLUSÃO
Ao desenvolvermos este trabalho, percebemos o quão importante foi o século XX para nossa história. Um período de conquistas da civilização e reviravoltas no poder. Época de guerras e batalhas sangrentas nas quais não encontramos em nenhum registro histórico quantidade exorbitante do número de mortos nos conflitos ocorridos neste período.
Este século foi marcado pelas mudanças, avanços e inovações em todos os sentidos. Comportamento, roupas, cultura, música, arte, arquitetura, desenvolvimento de novas ciências e tecnologias, evolução dos meios de comunicação, descobertas da medicina, entre outros. O desenvolvimento econômico foi a força por trás de grandes mudanças no cotidiano, em nível sem precedentes na história humana.
Mesmo com tanto avanço, muitos problemas desafiam o mundo. A distância entre os mais ricos e mais pobres do planeta nunca foi tão grande, a maioria da população global continua pobre. Com o grande crescimento das populações, o aumento da expectativa de vida, o consumo desenfreado, necessita-se ainda mais de proteção ao meio ambiente. Novas doenças ameaçam muitas regiões do planeta. O terrorismo, ditadura e o crescimento de países com armas nucleares também são questões que requerem atenção imediata. Futuras guerras prometem acontecer com o fim da era dos combustíveis fósseis se aproximando.

BIBLIOGRAFIA
Sites:
http://www.modapoint.com.br/
http://pt.wikipedia.org/
http://propagandasantigas.blogspot.com/
http://vintagetextile.com/gallery_1930s_50s.htm
http://www.comunidademoda.com.br/moda-anos-40-historia-da-moda.html
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http://almanaque.folha.uol.com.br/cronologia_40.htm
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www.girafa.org/lab/index.php?title=Moda_de_1900_a_1914_-_19/04/2007
Livro:
BRAGA, João. História da moda, uma narrativa. Págs.72 a 83.